2009-07-25

http://fuzocultura.blogspot.com/

Link para o Blog do Alvaro Dionísio

2006-06-06

Um Homem Frei Paiva Boléo.

Conheci esse homem, no dia em que acompanhei o "16399" a Vale de Zebro.
À primeira vista mais um "Fuzo" com uma barriga e barba. Então foi-me apresentado como tendo sido o Imediato do DFE4, e agora era Sacerdote missionário na Bélgica.
Pareceu-me de imediato que todos aqueles Ex. Fuzos o admiravam.
Findas as Honras Militares, lá fomos nós para a Missa.
Será que foi uma missa, ou um reviver do passado, de todos aqueles homens?
Reviver, pois lá estavam a G-3, a "Amante" e a Granada.
Nunca imaginaria, se visse aquele homem, aquele Sacerdote num qualquer altar, sem o conhecer, ver a sua destreza em lidar com a G-3. Quem diria que ele foi Oficial FZE!
As histórias, por ele contadas comoveram a assistencia, pois lá encontravam-se as esposas destes homens.
Ouvir o Imediato, contar a visita do Alm.Américo Tomáz, e as medidas por ele tomadas, ao impedir que as nativas, não fossem saqueadas, para não colocar mais pólvora na fogueira....

Mas o que mais me impressionou, foi ele contar, que um Fuzo Negro, que estava destacado num posto avançado, no desespero da sua solidão, um dia deu um tiro em si próprio, na cara. Trazido no "Zebro" para Stº António do Zaire, o médico que o recebeu, não o queria tratar.
Não me custou imaginar que aquele Oficial FZE, ao ver a situação de recusa por parte do médico, em tratar aquele Soldado, tenha puxado da Walter, e tenha dado a escolher ao médico, entre tratar o paciente, ou levar um tiro na cabeça.
Acredito que ele o tivesse feito.

Frei Paiva Boléo, penso que seja um grande HOMEM.
Gostei de o conhecer!

2006-06-04

Homenagem!











Caros Amigos;

O título 4DFE-Fuzileiros, em homenagem aos Homens do 4º DFE, que esteve em Angola de 1963 a 1965.

Lembrei-me lançar este Blog para alguns de vocês poderem trocar algumas ideias, e relembrarem alguns momentos, passados.

Não Participei nessa missão, como será fácil de perceber, pois sou um dos filhos do "16399".
Também, pensei em nós familiares desses homens, afim de podermos trocar algumas ideias, pois grande parte do seu sofrimento, ficou esquecido, mas as famílias sofreram com eles.


O seu reencontro aconteceu pela primeira vez o ano passado, na sua "Escola"
Tive a honra e o prazer de conhecer alguns de vós, nesse almoço convívio, e o grato prazer de assistir à Missa celebrada na capela da Escola por Frei Eugénio Paiva Boléo antigo Oficial Imediato do Destacamento, alguém que fiquei muito grato de conhecer.

Ao Carlos Ferreira “O Almada”, entre outros o mérito de ter juntado, novamente esses filhos da Escola, pois foi belo ver esses "Jovens com as fotos nas mãos à procura de uma cara conhecida", e quando se dava o reencontro ver o abraço de "IRMANDADE".





O texto que aqui reproduzo, foi aquele que foi publicado na Revista da Armada.
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Fuzileiros de ontem, Fuzileiros de sempre

Bem cedo, no passado 5 de Março, a Escola de Fuzileiros registava uma azáfama pouco habitual a um fim-de-semana. A sua parada ao redor do Monumento ao Fuzileiro, encontrava-se salpicada por homens à civil exibindo orgulhosamente a boina azul ferrete coroada pela antiga âncora dourada. Não era para menos pois tratava-se de homenagear os quatro militares que em 1960 foram a Inglaterra frequentar o primeiro curso de Fuzileiros, e no ano seguinte haveriam de reiniciar o brilhante historial herdado do antigo Terço da Armada Real. O evento era completado pelo reencontro dos Fuzileiros pertencentes ao DFE4 – Angola 1963-1965 –, comandado pelo 1TEN Pascoal Rodrigues, 40 anos após o regresso da sua comissão.
Como é tradição foi descerrada uma placa alusiva ao DFE4, onde se pode ler a frase:

«Um homem só morre quando os outros esquecem»,









e colocada uma coroa de flores em memória daqueles que já partiram.
Do programa fazia parte a Missa, celebrada por Frei Eugénio Paiva Boléo, Ex-Imediato do DFE4, merecendo realce um excerto do texto de Albert Nolan – incluído em folheto distribuído durante a celebração – donde se lê:
MAR M Santinhos, MAR M Silva, 2TEN Pascoal Rodrigues, MAR M Claudino - 1960.
«…Todos nós temos um instinto agressivo…Podemos também usá-lo como fonte de energia e decisão para lutar contra o mal e o sofrimento no mundo, desenvolvendo um saudável sentimento de indignação em relação ao mal, ao pecado individual e colectivo…»
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Os Fuzileiros da Era Moderna


No seguimento dos actos de terror no Norte de Angola, o Almirante Roboredo e Silva, compreendeu a necessidade de a Marinha dispor de uma força anfíbia, de forma a poder participar no esforço de guerra que se avizinhava. Assim nomeou os seguintes quatro militares para reiniciar os fuzileiros:


2TEN Pascoal Rodrigues
MAR M Ludgero Silva
MAR M João Santinhos
MAR M Mário Claudino


São estes militares que seguem, em Agosto de 1960, para Inglaterra para frequentarem o curso «Command Course» no Centro de Formação dos Royal Marines, em Lympstone. Foram 13 semanas de extrema dureza física que estes homens souberam superar com distinção, indo ao ponto de o MAR Claudino obter o 1º lugar na marcha dos 60 Km. Na classificação final os portugueses quedaram-se nos dez primeiros lugares, entre 31 militares, onde se incluíam ingleses, portugueses e 1 americano.
Regressados a Portugal iniciam, no então Corpo de Marinheiros, a árdua tarefa de seleccionar e treinar os primeiros fuzileiros. É formada desta maneira o Destacamento de Fuzileiros Especiais Nº1 que seguiria para Angola em Novembro de 1961, antecedendo as unidades de fuzileiros que em 14 anos de guerra em África, envolveram cerca de 12.500 homens.

O ponto alto do dia passou pela significativa homenagem aos primeiros Fuzileiros do século XX, como se depreende do discurso do CALM Vargas de Matos, Comandante do Corpo de Fuzileiros: «… Assim este Museu dos Fuzileiros, espaço de cultura e abrigo de tantas das nossas memórias, ficará doravante um pouco mais rico. Vamos poder contar, a partir de hoje com uma moldura onde figuram as fotografias dos Primeiros Fuzileiros que há 45 anos, vencendo barreiras e desafios nos apontaram pelo exemplo o caminho a trilhar no futuro.»

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Pascoal Rodrigues, o homem que sonhou


Alberto Manuel Barreto Pascoal Rodrigues, 68 anos, natural de Lisboa, casado, pai de três filhas, e gerente de um grupo de fazendas no Estado do Paraná no Brasil, onde reside.
R.A. – Como é que sente este dia?
P.R. – Foi de facto uma surpresa, pela associação da homenagem com o reencontro do DFE4. Sinto ao mesmo tempo uma grande alegria por ter deixado qualquer coisa nestas paragens.
R.A. – Ainda se recorda do curso nos Royal Marines em 1960?
P.R. – Fisicamente foi violento, o que não foi surpresa, mas no final sentia-me outro homem. Pessoalmente fiz tudo para o poder ir frequentar, pois sentia que havia uma lacuna nessa área.
R.A. – E logo a seguir…
P.R. – O Almirante Roboredo chamou-me para iniciar os fuzileiros, o que foi extremamente gratificante para mim. Começou-se do nada, pois não existiam instalações, nem doutrina, nem pessoal, foi o desafio total.
R.A. – E que diz dos «fuzos» de hoje?
P.R. – Vim encontrar um Corpo de Fuzileiros como eu sonhava. Vim encontrar uma força de elite com um notável espírito de corpo, moderno e onde se respeita a história e as tradições, caminhando para o futuro sem esquecer as lições do passado.
R.A. – Quer deixar uma mensagem?
P.R. – Que tenham orgulho de serem fuzileiros, e que esse facto possa ter sempre visibilidade.

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A placa com as fotografias foi descerrada pelo próprio 1TEN REF Pascoal Rodrigues, que contou com a presença dos restantes homenageados –, SAJ FZ João Santinhos e SAJ FZ Ludgero Silva –, à excepção do SAJ FZ Mário Claudino que já nos deixou, e foi representado pela viúva Sr.ª D. Augusta Paulo.
O dia só terminaria com o almoço convívio do DFE4 onde, numa iniciativa da Associação de Fuzileiros, foi concedido o Diploma de Sócio Honorário aos quatro homenageados do dia.
A propósito das efemérides do dia, aqui se publica a primeira estrofe de um poema do SAJ FZ Ludgero Silva, mais conhecido pelo «Piçarra» pelo seu gosto versejador e fadista, com o título

«Quatro Fuzos»:
Quatro gotas de água caíram
Nos mares dos Descobrimentos
Se elevaram nos tempos, e saíram
Nas histórias, nas praias, e nos ventos.

In revista da Armada

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No passado dia 6 de Maio 2006, Alguns destes "Filhos da Escola" voltaram a juntar-se novamente, na casa Mãe, uma vez mais graças ao Carlos Ferreira “O Almada” (Ex-DFE4)".

Por motivos pessoais não pude fazer o acompanhamento do "16399", por isso a todos um abraço.